sexta-feira, 9 de setembro de 2011

COBRA DE FRAQUE

A AC (de Auto Carriers) surgiu na Inglaterra em 1903. Embora tenha fabricado diversos tipos de veículos de passeio, acabou conhecida entre os entusiastas pelos seus pequenos roadsters que, ao lado de outras legendas como MG, Austin-Healey e Triumph, deram notoriedade à escola britânica de esportivos leves após o final de II Guerra, tendo sido o divertido Ace o representante mais bem-sucedido da marca. Mas, certamente, o modelo mais lembrado da AC viria a ser o Cobra, fruto de uma associação com Carrol Shelby, que partia da plataforma do pequeno Ace bastante modificada para acomodar um V8 Ford, como já descrito aqui. O carisma do modelo resultante foi tamanho que o fabricante de West Norwood resolveu aproveitar o embalo e fazer um GT de luxo usando o mesmo cruzamento de chassi britânico e mecânica norte-americana, escolhendo o V8 Ford 428 (7.0 litros, 350 cv) e dando ao esportivo a sofisticação que faltava ao Cobra - praticamente um carro de corrida - para concorrer com Ferrari, Maserati, Jaguar e Aston Martin. A idéia não era exatamente inovadora, uma vez que Iso e Jensen também se valiam de V8 americanos para seus sofisticados Grifo e Interceptor e, como tantos outros híbridos, o sucesso comercial do AC 428 da foto acima foi pequeno, limitando-se a 80 unidades entre conversíveis e versões fechadas. A compensação veio na posteridade: o musculoso AC tem sido saudado nas publicações especializadas como um dos melhores Grand Tourers dos anos 60.

2 comentários:

O Corsário Viajante disse...

Nem sempre se dá valor à uma coisa em seu tempo histórico, às vezes com razão, às vezes sem...

Paulo Levi disse...

É fácil falar a posteriori, mas o próximo passo da AC Cars deveria ter sido uma evolução do roadster Ace/Cobra, e não mais um GT na mesma linha de outros que já existiam. Um pouco de conhecimento de marketing não teria feito mal nenhum à empresa.